HISTÓRIA DO CAVALO PURO SANGUE LUSITANO

A versatilidade do Cavalo Lusitano é tão antiga quanto sua trajetória de quase 5.000 anos. Considerado o cavalo de sela mais antigo do ocidente, foi selecionado para a guerra, fazendo parte dos exércitos de Cartago e Esparta e dos hipódromos romanos. Produto de uma seleção de milhares de anos, o Puro Sangue Lusitano (PSL) conquistou uma empatia com o cavaleiro superior a qualquer outra raça moderna, que hoje lhe permite competir em quase todas as atividades equestres.

Bastante dócil, ágil e corajoso, o Lusitano mantém características morfológicas e funcionais de seus antepassados ibéricos, atravessando períodos históricos, como a Roma Antiga, a Idade Média e a Renascença, sem perder suas capacidades naturais descritas em esculturas e gravuras que tanto chamaram a atenção de historiadores.

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Segundo vários autores, o fato que mais pesou na diferença entre o Cavalo Lusitano e o Andaluz ocorreu no princípio do século XVIII, quando apareceu na Espanha o toureio a pé, como revolta popular pela proibição das corridas de touro, imposta pelo Rei Felipe V. A partir daí, com a menor utilização do cavalo Andaluz para a tourada, a seleção de PSL ganhou força e a divulgação da raça passou a ser maior.

A institucionalização oficial do Stud Book foi um passo decisivo no progresso da Raça Lusitana, ao estabelecer padrões para a admissão de reprodutores, dando origem a um amplo e criterioso trabalho genealógico, partindo de linhas formadas a partir de certas matrizes (emparelhamento em linha). Aliás, para um processo zootécnico relativamente rápido e eficaz, há vantagens claras nos aspectos que interessam ao criador, como na pureza e uniformidade da raça e a consequente prepotência dos reprodutores.

Somente são inscritos potros filhos de animais já aprovados como reprodutores, que tenham sua paternidade confirmada através de testes obrigatórios. Tal medida dá ainda mais credibilidade ao Stud Book, pois torna impossível a entrada de animais de outras raças. Ao atingirem a idade adulta, os Lusitanos são submetidos a uma inspeção realizada por uma Comissão de Peritos da Raça e, caso atinjam os parâmetros mínimos estabelecidos, passam a fazer parte do Livro de Reprodutores, podendo ter seus filhos escritos no mesmo. A este ciclo foram adicionadas provas funcionais.

Nos últimos anos, o cavalo Puro Sangue Lusitano tem sido bastante procurado como reprodutor e montaria para o esporte e lazer, graças ao seu grande caráter e imensas qualidades morfológicas e funcionais, com exemplares em diversos países da Europa e das Américas.

O CAVALO PURO SANGUE LUSITANO NO BRASIL

Os primeiros Cavalos Lusitanos chegaram ao Brasil por volta de 1540 pelas mãos dos colonizadores portugueses. Eram mestiços de Garranos e Pôneis galegos, oriundos do norte de Portugal, e dos Sorraias, do sul, iniciando, ainda que de forma tímida, a história da raça em território nacional.

Com a chegada da Família Real, séculos mais tarde, em 1808, foram trazidos animais selecionados da Real Coudelaria de Alter, entre eles, o reprodutor Sublime, que passou a ser usado no cruzamento com éguas crioulas, dando origem a outras raças, como Mangalarga, Marchador e Campolina.

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A iniciativa, na época mobilizou alguns criadores, desencadadeando um processo de expansão da raça que culminou com a chegada, em 1972, do inesquecível Broquel, tordilho vindo da Coudelaria Nacional de Portugal, que no ano seguinte conquistaria seu primeiro título de Grande Campeão, em uma exposição na cidade de Goiânia.

Vivendo um momento favorável, entusiastas da raça, capitaneados por Toni Pereira, fundaram, no dia 1° de dezembro de 1975, a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz, entidade reconhecida pelo Ministério da Agricultura, responsável por instituir o primeiro Stud Book brasileiro das raças Lusitana e Espanhola. Fizeram parte da diretoria o presidente Antonio de Toledo Mendes Pereira, o secretário Enio Monte, o tesoureiro Asdrúbal do Nascimento Queiroz, e o diretor técnico do Stud Book, Eduardo Benedito Marchi.

No mesmo ano, outro fato marcaria a trajetória do Cavalo Lusitano de forma definitiva. No auge da Revolução dos Cravos, quando diversas fazendas foram tomadas em Portugal, surgiu o risco de ser perdido o excelente patrimônio genético da raça, com as melhores linhagens da Península Ibérica. Neste momento, José Monteiro, da Coudelaria Nacional, ofereceu aos criadores brasileiros o que havia de melhor no plantel, a fim de salvar a seleção milenar da tropa.

Já em 1991, foi assinado um Protocolo de Reciprocidade com a Associação Portuguesa de Criadores do Puro Sangue Lusitano (APSL), possibilitando um intercâmbio entre os dois países, que permitiu, entre outras coisas, a aceitação do registro de animais nascidos no Brasil também no Stud Book português, além da mudança de nome da entidade para Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano (ABPSL).

Com um plantel de aproximadamente 10 mil animais, o Lusitano vem registrando expansão para outras regiões do País, fazendo-se notório nas competições hípicas, especialmente no Adestramento e na Equitação de Trabalho onde, aliás, é o atual Campeão Mundial da modalidade.

O Puro Sangue Lusitano tem evoluído cada vez mais no mundo do hipismo. Sabedora disso, a Coudelaria Rocas do Vouga participa ativamente do avanço da raça nas maiores competições esportivas do planeta, comprovando a qualidade do cavalo que cria.

PADRÕES DA RAÇA

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I - Protótipo Ideal - Características Gerais

1) TIPO: eumétrico; peso médio de 500 kg; mediolíneo; sub-convexilíneo (de formas arredondadas) de silhueta inscritível num quadrado.

2) ALTURA: média na cernelha, medida com hipômetro, aos 6 anos:
– Fêmeas: 1,55m
– Machos: 1,60m

3) PELAGEM: as mais apreciadas são a tordilha e a castanha em todos os seus matizes.

Nomenclatura das Pelagens:
Tordilha, Castanha, Alazã , Preta e Baia

a) Para os animais cruzados, serão aceitas as pelagens acima citadas, e também, Ruã ou Rosilha, Moura e Pampa com exceção da Albina.

4) TEMPERAMENTO: nobre, generoso e ardente, mas sempre dócil e submisso.

5) ANDAMENTOS: ágeis e elevados projetando-se para diante, suaves e de grande comodidade para o cavaleiro.

6) APTIDÃO: Tendência natural à concentração, com grande predisposição para exercícios equestres (combate, caça, toureio, manejo de gado e concursos hípicos).

7) CABEÇA: bem proporcionada, de comprimento médio, delgada e seca, de ramo mandibular pouco desenvolvido e faces relativamente compridas, de perfil subconvexo tendendo a retilíneo, fronte levemente abaulada (sobressaindo entre as arcadas supraciliares), olhos sobre o elíptico, grandes e vivos, expressivos e confiantes. As orelhas são de comprimento médio, finas, delgadas e expressivas.

8) PESCOÇO: de comprimento médio, rodado, de crina delgada, de ligação estreita à cabeça, largo na base, e bem inserida nas espáduas, saindo da cernelha sem depressão acentuada.

9) CERNELHA: bem destacado e extenso, numa transição suave entre o dorso e o pescoço, sempre levemente mais elevado que a garupa.

10) PEITORAL: de amplitude média, profundo e musculoso.

11) COSTADO: bem desenvolvido, extenso e profundo, com costelas levemente arqueadas, inseridas obliquamente na coluna vertebral, proporcionando um flanco curto e cheio.

12) ESPÁDUAS: compridas, oblíquas e bem musculadas.

13) DORSO: bem dirigido, tendendo para o horizontal, servindo de traço de união suave entre a cernelha e o rim.

14) LOMBO: curto, largo, musculoso, levemente convexo, bem ligado ao dorso e à garupa com a qual forma uma linha contínua e perfeitamente harmônica

15) GARUPA: forte e arredondada, bem proporcionada, ligeiramente oblíqua, de comprimento e largura de dimensões idênticas, de perfil convexo, harmônico, e pontas das ancas pouco evidentes, conferindo à garupa uma secção elíptica. Cauda saindo na continuidade da curvatura da garupa, de crinas sedosas, longas e abundantes.

16) MEMBROS: braço bem musculado, harmoniosamente inclinado. Antebraço bem aprumado e musculado. Joelho seco e largo. Canelas levemente compridas, secas e com os tendões bem destacados. Boletos secos, relativamente volumosos e quase sem machinhos. Quartelas relativamente compridas e oblíquas. Cascos de boa constituição, bem conformados e proporcionados. Nádega curta e convexa. Coxa musculosa, levemente curta, dirigida de modo que a rótula fique na vertical da ponta da anca. Pernas levemente compridas, colocando a ponta do curvilhão na vertical da ponta da nádega. Curvilhão largo, forte e seco. Os membros posteriores apresentam ângulos relativamente fechados.

II - Defeitos a Evitar

1) Cabeça excessivamente volumosa. Testa chata e arcadas supraciliares salientes sobre o plano da testa. Cabeça triangular, ganachas grosseiras e focinho chato com transição brusca para o chanfro. Narinas projetadas para frente, sobressaindo do plano do focinho. Perfil ondulado ou côncavo. Orelhas mal inseridas, paradas, muito pequenas, ou muito juntas, e reviradas para dentro.

2) Garupa excessivamente oblíqua ou horizontal, de perfil ondulado ou côncavo, ancas boiúnas. Garupa em forma de pêra ou demasiadamente quadrada ou chata, dupla ou de musculatura pobre. Bossa de sacro evidente ou atrasada. Cauda de alta inserção, ou que se eleva em trompa quando excitado, ou que fustigue sob a ação da espora.

3) Aprumos incorretos; de curvilhões muito fechados, demasiadamente curvos ou estrangulados; canelas demasiadamente compridas; irregular abertura do ângulo iliofemural, com desvio do curvilhão para trás de linha vertical do ísquio. Boletos que não flexionam (de onde resulta o pé de galinha); musculatura do antebraço insuficiente, joelho redondo, com pouco volume, desalinho do seu eixo vertical, transcurvo, estrangulado sob o joelho. Quartela demasiadamente curta e vertical ou demasiadamente comprida. Excessos de machinhos e garra envolvendo a coroa do casco ou remontando pelo tendão. Cascos palmicheios ou encastelados, de talões demasiadamente abertos.

4) Movimentos rasteiros ou de irregular elevação (ceifar), falta de tempo de suspensão no trote (trote marchado e não saltado). Galope não basculado, a quatro tempos, sem impulsão. Andamentos arrastados dos posteriores atrasando os curvilhões, passo por laterais ou andadura.

5) Peitoral demasiadamente estreito ou demasiadamente largo.

6) Codilhos demasiadamente despegados do tórax.

7) Costado cilíndrico e pouco profundo, pouco extenso e ventre adelgaçado (galgo).

8) Dorso enselado ou mergulhante

9) Lombo comprido ou estrangulado.

10) Cernelha pouco evidente ou breve.

11) Espáduas demasiadamente verticais ou horizontais.

12) Tecidos empastados, crinas e cauda de cerdas grossas, crespas ou pouco abundantes.

13) Caráter irascível, desconfiado, medroso, coiceiro ou bufão. Má boca, dificuldade de reencontrar a calma depois de um exercício violento. Falta de agilidade, dificuldade em reunir-se.

14) Pescoço demasiadamente comprido e delgado, ou curto e de baixa inserção. Demasiadamente gordo e empastado, com acúmulo de gordura localizado no bordo superior do pescoço (gato).

III - Aprovação de Reprodutores

1) Medidas Zoométricas: Como complemento ao protótipo ideal e sistema de pontuação expostos, será levado em conta as seguintes características zoométricas médias da raça:

Média aos 3 (três) anos

Altura na Cernelha
– Machos 1,52m
– Fêmeas 1,50m

2) Para inscrição no Livro Definitivo: Equinos Puro Sangue Lusitano, inscritos no Livro Provisório, poderão ser inscritos como reprodutores a partir dos 3 (três) anos. Os machos serão inspecionados e julgados por comissão definida no parágrafo único do artigo 86, e as fêmeas, por técnico designado pelo Serviço de Registro Genealógico.

3) Condições para aprovação de reprodutores: O Stud Book da Raça Lusitana aprovará como reprodutores:

a) Fêmeas: Simultaneamente com a inspeção de inscrição do livro Definitivo, serão pontuadas pelo técnico de acordo com a tabela abaixo descrita:
Altura mínima a partir de 3 anos:
– 1,50m para fêmeas Puras
– 1,46m para fêmeas Cruzadas

Pontuação final mínima: 50,00 pontos para fêmeas Puras
50,00 pontos para fêmeas Cruzadas

b) Machos: Os machos PO (Puro de Origem) e PC (Puro por Cruza) inscritos no livro Definitivo poderão ser submetidos à aprovação de reprodutores mediante solicitação do proprietário. Serão inspecionados e julgados por uma comissão de acordo com padrão racial e tabela de pontuação abaixo descrita:
Altura mínima a partir 3 anos:
1,52m para machos PO e PC

c) À pontuação atribuída, será aplicado o Coeficiente Ponderal, indicado em cada item, obtendo-se pela soma total a Pontuação Final de classificação de cada equino.

Tabela de Pontuação

Caracteres – Coeficiente Ponderal

Cabeça e Pescoço – 1,0
Espádua e Cernelha – 1,0
Peito e Tronco – 1,0
Dorso e Rim – 1,5
Garupa – 1,0
Membros – 1,5
Conjunto de Formas – 1,5
Andamentos – 1,5
Total – 10,0

A pontuação obedecerá a seguinte

nomenclatura:
Perfeito = 10
Excelente = 9
Muito Bom = 8
Bom = 7
Aceitável = 6 Regular = 5
Mau = 3 a 4
Péssimo = 0 a 2

d) Nenhum caractere da Tabela de Pontuação poderá ter nota inferior a 5 (cinco) pontos.

e) Integridade dos órgãos genitais, na possibilidade de exame para fêmeas.

f) Sem deformações ósseas congênitas (prognatismo, agnatismo e exostoses mal localizadas).

g) Estejam inscritos no Livro Provisório do Serviço de Registro Genealógico do Puro Sangue Lusitano ou Congêneres.

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O MITO LUSITANO

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